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As causas da explosão de um camião-cisterna na quinta-feira na província de Tete, centro de Moçambique, permanecem incertas, disse hoje a ministra da Administração Estatal, que atualizou para 73 o número de mortos da tragédia.

 As causas da explosão de um camião-cisterna na quinta-feira na província de Tete, centro de Moçambique, permanecem incertas, disse hoje a ministra da Administração Estatal, que atualizou para 73 o número de mortos da tragédia.


"Os elementos estão aí, são soltos, e todos nós ouvimos. É importante darmos tempo à comissão apropriada, com peritos apropriados, que nos vão trazer a lume o que é que efetivamente aconteceu", disse aos jornalistas na cidade de Tete Carmelita Namashulua, que dirige uma delegação do Governo central de assistência às vítimas e familiares.

Várias versões têm sido apontadas para a explosão do camião-cisterna em Caphiridzange, no distrito Moatize, desde um raio que caiu no local quando dezenas de pessoas removiam combustível ao sobreaquecimento da viatura devido a um incêndio no dia anterior, incluindo ainda relatos de um disparo de um agente policial para dispersar a multidão.

No entanto, a hipótese que parece estar a ganhar mais consistência, na visão do Governo, é a de o incêndio ter sido provocado por fagulhas de objetos metálicos usados pela população para perfurar o tanque do camião, após os motoristas terem abandonado a viatura.

"Houve um movimento desusado: uns a tentar tirar [combustível] com bidons, a meter e tirar do tanque como se estivessem a tirar água do poço, com todo o tipo de objectos, plásticos e metálicos, outros tentaram tirar com mangueiras, e aqueles que tentaram furar o próprio tanque", declarou Carmelita Namashulua, insistindo que a comissão de inquérito responderá às dúvidas que persistem.

O número de mortos em resultado da explosão voltou hoje a subir, totalizando 73, mais seis do que o balanço divulgado no sábado, segundo o Governo.

Entre as vítimas, disse ministra da Administração Estatal e Função Pública, há duas grávidas e 12 crianças, que estavam envolvidas no roubo coletivo do combustível.

A governante referiu que aumentou a capacidade de intervenção dos serviços de saúde, incluindo mais médicos, provenientes das províncias de Manica e Sofala, medicamentos e a disponibilização de 15 dispositivos de climatização para os blocos de enfermaria.

"O esforço existe no sentido que a dor possa ser superada e, na medida do possível, ver qual a possibilidade de salvar a vida desses nossos concidadãos", disse Carmelita Namashulua, referindo-se aos mais de 60 feridos que permanecem internados no Hospital Provincial de Tete, alguns dos quais em estado crítico.

O Governo mandou exumar hoje 12 corpos de vítimas da explosão que tinham sido enterrados numa vala comum próximo do local da tragédia e sepultá-los no cemitério local, em resposta aos apelos da comunidade, para que não houvesse túmulos junto ao caminho de acesso à aldeia.

O Governo decretou na sexta-feira três dias de luto nacional, que teve início às 00:00 de sábado e nomeou uma comissão de inquérito ao desastre, que será liderada pelo Ministério da Justiça e integrada pelos ministérios do Interior, Transportes e Comunicações, Administração Estatal e Função Pública e Energia e Recursos Minerais.

Relatos à Lusa no local indicam que o camião-cisterna com matrícula Malauiana, pertencente a uma firma de distribuição de combustível, desviou-se da rota na quarta-feira à tarde, após um pré-negócio, para uma pequena mata a uns 400 metros da estrada Nacional 7, onde parte da carga seria retirada para os bidões de um grupo de revendedores de rua.

Na sequência de um curto-circuito da motobomba que puxava o combustível, uma das secções do tanque incendiou-se, o que provocou uma enchente de curiosos no local.

Já na quinta-feira, devido à fuga dos motoristas do camião e ausência das autoridades, a população começou a retirar combustível, com recurso a baldes, da segunda secção do tanque que ainda estava intacta.

Foi esta secção que explodiu, matando no local 43 pessoas e deixando mais de cem feridas.

Lusa